A GESTÃO ESCOLAR E O TRABALHO COLETIVO

Por: Alexandra de Andrade G. M. Mantovani

A gestão escolar possui um importante papel de articulação entre as propostas que se insurgem dentro dos espaços escolares e suas concretizações de fato. Para efetivação das práticas educacionais, é necessário um equilíbrio entre as duas grandes áreas que permeiam o funcionamento da escola, a saber: a administrativa e a pedagógica.

Muitos diretores de escola afirmam que as exigências da parte administrativa e burocrática são muito grandes, impedindo o devido envolvimento e empenho nas questões pedagógicas. De outra banda, os coordenadores pedagógicos (que também compõem a gestão escolar) queixam-se que deles são solicitadas inúmeras tarefas de ordem burocrática, organizacional e disciplinar que dificultam sua dedicação a um trabalho de formação de professores e os faz cair numa certa frustração pelo “mundo das vozes” que ouve, que vê e que subentende, mas não consegue administrar. (CLEMENTI, 2001)

Com isso, não se pode negar que há um enfraquecimento do papel essencial da escola que é a formação integral e plena do aluno. Se questões administrativas estão sendo priorizadas em detrimento do fazer pedagógico, há, visivelmente, um desequilíbrio desastroso que impactará negativamente a comunidade escolar.

Os tempos atuais trazem demandas que exigem da gestão escolar “planejamento, direcionamento, comprometimento social” (CLEMENTI, 2001), e acolhimento das diversas experiências individuais. Trabalhar em conjunto e através de projetos é a saída mais plausível.

Tem-se percebido pessoas cada vez mais adoecidas, sucumbidas pelo uso indevido das tecnologias, do consumismo, valores líquidos, enfim, a sociedade está agonizando e a escola precisa estar fortalecida porque é no chão da Escola onde as crianças e jovens têm recebido socorro. Então pergunta-se: como estão os professores? Os diretores? Os Coordenadores pedagógicos? Chamamos Laurinda Ramalho de Almeida para dialogar conosco. Segundo ela: “Como seres humanos necessitamos ser cuidados e cuidar.”

E como se dão as relações de cuidar na relação pedagógica? Bem, as ações de cuidar envolvem sempre o comprometimento, a disponibilidade para conhecer as necessidades do outro naquele momento, naquele contexto determinado. Fazemos aqui uma observação: toda comunidade escolar precisa ser cuidada. Todos têm que ter disponibilidade para exercer a empatia.

Uma Gestão escolar permeada pela empatia gera um trabalho coletivo bastante exitoso. Porque a empatia gera afeto, o afeto gera respeito e o respeito gera autoridade. Autoridade com novo olhar, nova roupagem, de acordo com a visão de Vera Trevisan que diz: “a autoridade é construída nas relações interpessoais e, se a realidade se transforma permanentemente, a autoridade e sua forma de expressão carecem ser repensadas.”

Concluímos dizendo que a gestão escolar desempenhará um trabalho coletivo significativo quando construir projetos que abarcam toda comunidade escolar, atentando-se às fragilidades e dificuldades dos indivíduos e potencializando suas habilidades e competências. Isso certamente se converterá em sucesso.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, L. R. o projeto noturno. Incursões no vivido por educadores e alunos de escolas públicas que tentaram um jeito novo de caminhar. Tese (Doutorado em Psicologia da Educação). São Paulo, Pontifícia Universidade Católica, 1992.

CLEMENTI, N. A voz dos outros e a nossa voz. In: ALMEIDA, L. R.; PLACCO, V. M. N. de (Orgs.). O coordenador pedagógico e o espaço da mudança. 6ª Ed. São Paulo: Loyola, 2001, p. 53 – 66.

PLACCO, Vera M. N. S. SILVA, Sylvia H. S. A formação do professor: reflexões, desafios e perspectivas. In BRUNO, E. B. G., ALMEIDA, L. R., CHRISTOV, Luiza H. S. (orgs.). 4ª Ed., O coordenador pedagógico e a formação docente. São Paulo: Loyola, 2003.

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